Seguidores

domingo, 15 de agosto de 2021

LUZ! SABER! HUMANIDADE!

 


 Alberto Afonso Landa Camargo

 

Longe... as tintas da Bastilha,

Rubras tintas – encarnadas –

Déspotas lanças brandidas

E espadas ensanguentadas...

Grades cerradas desnudam

Das promessas descumpridas...

 

Pontes caem sobre o fosso,

Despoja-se quem cuidava

Dos muros enfraquecidos...

Hordas derrubam umbrais,

Maceram armas rendidas,

Cabeças rolam... traídas...

 

Dardos clamam liberdade –

A palavra falaciosa –

Traem-na em próprio ímpar nome:

Fraternidade e igualdade...

Franqueia-se a insensatez –

Escárnio à palavra dada...

 

Flui... verte o sangue nas lanças

Nas torrentes da inocência...

Fecham-se os olhos – caolhos –

Desfaz-se a honra – se havida –

Rubra, advém da regência

Do poder de ser só força...

 

Agora termina o ciclo.

Não há mais cabeças nas lanças.

Tempo infame seca o sangue.

O templo do bem emerge,

Chega a luz que fecha fossos,

Ponte aberta, sem divisas...

 

Impõe-se o sol, que é razão,

E temperam-se as virtudes.

Tirania em reverência,

Verdades não são mais fé,

Mas graus do conhecimento...

Homem ao centro – o saber...

 

Perde-se a superstição.

Cai num abismo sem volta

O sobrenatural rumo

Das coroas e brasões,

Para agora bradar: Luz!

Luz! Brilho de um novo mundo!

 

Na estrada, há bússola nela,

Humanidade em comando...

Sem fossos a separar,

Sem levadiças, correntes

Que prendiam a ciência

No escuro das religiões...

 

Não! Não mais o fim dos tempos!

Início deles – saber!

Sem esclarecidos déspotas,

Agora postos nos seus

Brigues sujos... carcomidos...

Canta a luz! Humanidade!