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sábado, 12 de novembro de 2011

RECORDAÇÕES DA SANTIAGO DO MEU TEMPO


Alberto Afonso Landa Camargo

Em nossos pensamentos de criança
Queremos que o tempo passe ligeiro
Para chegarmos à maioridade...
Com rapidez queremos ser adultos
E o tempo passa devagar e a infância
Se arrasta lenta, lenta no potreiro
Da vida, cuja tenaz mocidade
Enxerga um futuro de incertos vultos...

Quantas vezes eu quis ter dezoito anos
Para que pudesse entrar no “Imperial”,
Ver filmes proibidos da “Bardot”
Em sua bela e elegante nudez...
Mas nós, barrados na porta, eu e meus manos,
Já vetados em nome da moral,
Íamos para casa e em nossa dor
Ficávamos a esperar outra vez...

Brinquedos na minha rua de terra
Com os amigos da infância querida...
De noite a serenata às menininhas,
Que ansiosas esperavam nas janelas
A voz que subia ao éter em guerra
Por um sorriso da mãe agradecida
Lhes permitindo ouvir as vozes minhas...
Ah! Não voltam mais as noites aquelas!

Nos domingos, no “Ferroviário” os jogos
De futebol e os gritos das torcidas
Que lotavam o campo de contendas,
Pelejas do Riachuelo e do Ferrinho...
A cerca a gurizada, como fogos,
Pulava na multidão em meio às brigas...
E tudo isso era alegria, oferendas
Desse tempo de amor e de carinho.

Estranha ironia que nos assalta
E nós que adultos queríamos ser,
Apressados nos sonhos infantis,
Hoje queremos os tempos de outrora,
Aqueles tempos que não voltam
Mas que nos são permitidos rever
Nos olhos das menininhas gentis
Que povoam os meus sonhos de agora...

Longe de tudo neste exílio meu,
Quero ser o menino novamente
Daquele passado amigo e feliz
Que as recordações me assaltam em sonhos!
Quero dissipar de todo este véu
Que separa o passado do presente!
Quero estar nesse passado que eu fiz
Com outros, ora alegre, ora tristonho!

Mas hoje... como estará a minha rua?
E os meus amigos dela onde estarão?
Que é feito do Riachuelo e do Ferrinho
E dos bons domingos de futebol?
Será que encontro ainda a mesma lua,
Teto das serenatas ao violão
Que enchiam de amor as menininhas
Da janela até a aurora e ao arrebol?
 
Não... a voz que um dia se perdeu nos ares
Hoje encontrará a janela vazia...

4 comentários:

  1. Olá Alberto,

    Dizem, que recordar é viver, de novo.
    Seu poema é uma bonita saudade, em forma de palavra saída do peito.
    Nada é como dantes, como na nossa infância, mas vivamos, O HOJE, porque o amanhã pode ser bem pior.

    Beijos de luz.

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  2. Bom dia Alberto,

    Passando para ver novos escritos e lhe desejar um bom fim de semana.

    Beijos de luz.

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  3. Olá Alberto.
    Quanto tempo meu amigo!
    Vistar seu cantinho e ler sua poesia é um abraço na alma.
    Essas recordações nos aninham muitas vezes querido.

    Um beijo

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  4. Nostálgicas recordações de um tempo, que foi bom
    e disto, não tínhamos noção!
    A vontade que sentíamos, era exatamente como descrevestes em versos. O sonho de ser adulto...
    Que ilusão...
    Alberto em tempo, deixo meus votos de um Feliz 2012, pleno de saúde e boas realizações, junto aos seus familiares.
    abs
    Nadir

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